O novo país que queremos
Após quase cinco meses de mandato na Assembleia Legislativa, tenho tido a oportunidade de transitar por vários segmentos e me deparei com o pleito recorrente de municípios, vereadores, prefeitos e colegas ex-prefeitos sobre a urgência de um novo pacto federativo. O fato da maioria dos municípios terem na agricultura sua força (números) foi decisiva para me aprofundar no assunto. Ao analisar dados estatísticos da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) observei um forte descompasso da destinação de recursos dos governos federal, estadual e municipal. Os números indicam que aproximadamente 60% dos recursos arrecadados ficam em poder de Brasília, enquanto ao Estado cabem apenas 25% e as prefeituras modestos 16%. É importante enfatizar que é nos munícipios aonde, de fato, tudo acontece, o que torna inevitável os reflexos negativos sobre educação, saúde e agricultura, entre outros. É preciso citar como agravante o fato de que nos últimos anos os repasses federais não acompanharam nem de longe o crescimento das obrigações de Estados e municípios, que assumiram novos compromissos. A desproporcionalidade em cena reforça a justificativa para uma grande discussão sobre o pacto federativo e sobre a distribuição de recursos entre as esferas públicas. Como vice-presidente da Comissão Especial do Pacto Federativo da Assembleia Legislativa, espero que nossa proposta a ser entregue às instâncias federais colabore para mudar o país. E vou além. Diante deste quadro de cortes orçamentários de União e estados, talvez seja a hora de discutir o tamanho da máquina pública e as reformas administrativa e fiscal.
Mudar a estrutura para enfrentar o futuro
Em tempos de crise econômica aguda no Rio Grande do Sul devemos não só discutir alternativas de curto e médio prazo como propor medidas estruturantes para que no futuro o Estado deixe de ser refém do aumento de impostos com propósito de elevar a arrecadação e cobrir o saldo negativo, neste ano estimado em R$ 5,4 bilhões. Atacar a sonegação que causa a perda de R$ 7 bilhões anuais e o contrabando também são medidas vitais, tanto para aumentar a receita estadual quanto para fortalecer as empresas que trabalham na formalidade. Igualmente urgente é a remodelação do sistema previdenciário do funcionalismo para extinguir o déficit crônico, superior a R$ 7 bilhões por ano. Mas propomos que essas medidas venham acompanhadas por mudanças de postura na destinação de recursos públicos. E é neste sentido que tenho trabalhado. Apresentei o Projeto de Lei nº 135/2015 que proíbe no Estado o uso de logotipos, slogans, frases e símbolos que possam ser associados a determinada gestão do Executivo. Se aprovado, o projeto evitará que milhões de reais se percam em material gráfico ao final de cada mandato. Uma medida simples seria adotar o brasão do Estado como padrão a exemplo do que já faz a Assembleia Legislativa. Em uma outra frente, tento modificar a aplicação de verba publicitária de estatais, autarquias e empresas de economia mista. O Projeto de Lei nº 315/2015 pretende acabar com a injeção de dinheiro público em times privados, como clubes de futebol. O Banrisul, por exemplo, destinará, nos próximos quatro anos, o total de R$140 milhões à dupla Grenal. Muitos dirão que é publicidade com retorno certo. Digo que esse dinheiro poderia ser investido em agricultura, educação, saúde e segurança pública, um retorno multiplicado para a sociedade. Temos ainda que sepultar o pagamento das aposentadorias para ex-governadores e suas viúvas, que consomem R$ 4,3 milhões anualmente. Sou relator dos dois projetos que extinguem o benefício vitalício e dei meu parecer favorável para que se acabem décadas de privilégio e sejam criadas regras para o repasse de um subsídio por tempo determinado. O Estado tem saídas, mas é preciso disposição para imprimir mudanças não somente tributárias e de enxugamento da máquina pública. Sem isso, ainda iremos ler muitas notícias sobre rombo na contas do Rio Grande do Sul nos próximos anos.
O novo país que queremos
Após quase cinco meses de mandato na Assembleia Legislativa, tenho tido a oportunidade de transitar por vários segmentos e me deparei com o pleito recorrente de municípios, vereadores, prefeitos e colegas ex-prefeitos sobre a urgência de um novo pacto federativo. O fato da maioria dos municípios terem na agricultura sua força (números) foi decisiva para me aprofundar no assunto. Ao analisar dados estatísticos da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) observei um forte descompasso da destinação de recursos dos governos federal, estadual e municipal. Os números indicam que aproximadamente 60% dos recursos arrecadados ficam em poder de Brasília, enquanto ao Estado cabem apenas 25% e as prefeituras modestos 16%. É importante enfatizar que é nos munícipios aonde, de fato, tudo acontece, o que torna inevitável os reflexos negativos sobre educação, saúde e agricultura, entre outros. É preciso citar como agravante o fato de que nos últimos anos os repasses federais não acompanharam nem de longe o crescimento das obrigações de Estados e municípios, que assumiram novos compromissos. A desproporcionalidade em cena reforça a justificativa para uma grande discussão sobre o pacto federativo e sobre a distribuição de recursos entre as esferas públicas. Como vice-presidente da Comissão Especial do Pacto Federativo da Assembleia Legislativa, espero que nossa proposta a ser entregue às instâncias federais colabore para mudar o país. E vou além. Diante deste quadro de cortes orçamentários de União e estados, talvez seja a hora de discutir o tamanho da máquina pública e as reformas administrativa e fiscal.