O Rio Grande precisa reservar água
Em seu terceiro ano consecutivo de estiagem, o Rio Grande do Sul enfrenta em 2023 um prejuízo estimado em mais de R$ 13 bilhões pelo governo do Estado, com cerca de 6 milhões de gaúchos afetados com a escassez de água não somente para a produção agrícola como para o consumo animal e humano. São vários os impactos no meio rural, o principal deles atinge em cheio o agricultor: a redução da produtividade. Em algumas regiões, houve uma queda de mais de 50% entre o que o produtor esperava colher e o que ele de fato produziu, caso por exemplo da soja. No milho, o recuo aumenta o déficit de oferta do cereal para o sistema integrado de aves e suínos, ampliando a dependência de importações. Uma frustração tremenda também na produção leiteira. Apesar da crise aguda, dos prejuízos econômicos acumulados e da importância econômica e social da agricultura familiar para o país e o Estado, as medidas já anunciadas pelos governos federal e estadual não estão tendo o efeito necessário para o campo. Mesmo após o protesto de mais de 2,5 mil agricultores familiares no final de março, na Capital e que neste 19 de abril se repete em inúmeras regiões do Estado, as medidas anunciadas até agora não atendem a maioria, que precisa de dinheiro para recuperar a sua propriedade como um todo, precisa de mecanismos de reservação de água da chuva. Sim, porque de nada adianta comprar equipamentos de irrigação, ter crédito para isso, se não houver água armazenada. Portanto, é urgente a discussão de um programa estadual de reservação de água para a agricultura familiar no Rio Grande do Sul. Como presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária Gaúcha da Assembleia Legislativa estou estudando e discutindo juntamente com entidades de assistência técnica e extensão rural, como a Emater/RS-Ascar, sugestões para tornar essa meta um programa que mude a realidade no campo. Pretendemos, me breve, entregar ao governado Eduardo Leite esse estudo que também terá contribuições da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e do setor cooperativo agropecuário.